terça-feira, 29 de maio de 2007

Conheço o sal


Conheço o sal da tua pele seca
depois que o estio se volveu no inverno
da carne repousando em suor nocturno.

Conheço o sal do leite que bebemos
quando das bocas se estreitavam lábios
e o coração no sexo palpitava.

Conheço o sal dos teus cabelos negros
ou louros ou cinzentos que se enrolam
neste dormir de brilhos azulados.

Conheço o sal que resta em minhas mãos
Como nas praias o perfume fica
quando a maré desceu e se retrai.

Conheço o sal da tua boca, o sal
da tua língua, o sol dos teus mamilos,
e o da cintura se encurvando de ancas.

A todo o sal conheço o que é só teu
ou é de mim em ti, ou é de ti em mim
um cristalino pó de amantes entrelaçados.


Jorge de Sena

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